sábado, 28 de maio de 2011

Dificuldades de alimentação vs Integração Sensorial


Como podem os sitemas sensoriais dificultarem a alimentação ???

Muitas das dificuldades na diversificação alimentar das crianças, passa muitas vezes pelas dificuldades nos diferentes sistemas sensoriais.

Em seguimento dos artigos escritos sobre a alimentação, hoje vou-vos falar um pouco sobre essa problemática. Uma vez que todos os sentidos podem e vão causar um grande impacto na concentração quando a criança está a comer.

Estímulos Visual e Olfactivo

A aparência ou o cheiro da comida pode deixar seu filho muito empolgado para comer. Você pode vê-lo todo excitado na cadeira, apontando ou sorrindo e balbuciando. Entretanto, a aparência ou o cheiro de uma determinada comida que ele não gosta pode causar reacções claras de choro.
É necessário também prestar a atenção aos estimulos visuais (como a televisão) durante a refeição, pois eles podem distrair seu filho (alguns pais, no entanto, acreditam que essa distração ajuda na hora da alimentação).
Tente não expor o bebê a odores ofensivos, como produtos de limpeza e cigarros durante as refeições. Eles podem desestimular a alimentação. Por outro lado, cheiros agradáveis podem deixar a refeição mais prazerosa.

Estímulo Vestibular

Um bebê mantido numa posição desconfortável enquanto mama pode não conseguir sugar correctamente o bico. Da mesma forma, um bebê colocado numa cadeira muito grande pode ter medo de cair, ou pode se distrair com a preocupação de estar constantemente a se endireitar para permanecer erecto. Além disso, ele precisa de se concentrar no que os membros estão fazendo no espaço, o que pode deixá-lo desorganizado e possivelmente ansioso.
Embalá-lo levemente antes da hora da refeição pode ajudar a acalmar e organizar o bebê para que ele possa sugar e engolir com mais eficiência. Um abraço firme também ajuda. As crianças que são agitadas também podem achar que balançar suavemente pode ser calmante antes da refeição.

Estímulo Táctil

Quando pensamos no sistema táctil relacionado à alimentação, precisamos pensar no paladar, na temperatura e na textura dos alimentos. Alimentos que são doces, salgados, azedos ou amargos (como fruta, bolacha e limão) tendem a ser mais estimulantes (no sentido de surpreendentes) ao sistema tátil do que comidas suaves (como a papa ou queijo amantigado). Alimentos em temperaturas extremas são mais alarmantes ao sistema tátil do que os neutros. Alimentos crocantes são mais excitantes ao sistema do que os amassados.
As crianças têm um número maior de papilas gustativas do que os adultos. Por isso, elas não precisam de alimentos apimentados, adoçados ou salgados para gostar de comer. Entretanto, uma criança com hipotonia e menos controlo oral-motor pode responder melhor a alimentos mais doces, salgados ou amargos – bem como aqueles que precisam ser mastigados – porque eles têm um efeito intensificador. Por outro lado, as crianças podem ser muito sensíveis aos sabores e texturas da mesma maneira que podem ser muito sensíveis ao tacto e ao olfacto.

Sinais de Alerta da Defesa Oral (Hipersensibilidade)

É importante observar se o bebê ou a criança tende a reagir excessivamente às sensações que geralmente não incomodariam as outras pessoas. Se ele parecer constantemente irritado na hora das refeições, mesmo depois de você ter se certificado de que ele está confortável, descansado e concentrado – e você sabe bem quais alimentos que ele gosta ou não -, então ele pode apresentar dificuldades de integração sensorial oral. A seguir estão alguns sinais a serem observados:

● A passagem para o comer com a colher permanece difícil depois de um longo período de tempo.
● O seu filho nunca ou quase nunca coloca brinquedos, as mãos ou objetos na boca.
● Ele continua a não gostar do paladar, da textura ou do cheiro de certos alimentos depois de muito tempo.
● Recusa alimentos sólidos (que precisam ser mastigados).
● Parece ter sensibilidade tátil em outras áreas (não gosta de certas roupas, não gosta da pele exposta, não gosta de banho, etc).

«The everything Parent´s Guide to Sensory Integration Disorder» - Terri Mauro
«The Out-of-Syne Child» - Carol Stock, Kranowitz, M.


sexta-feira, 27 de maio de 2011

Desenvolvimento Motor Oral e Diversificação Alimentar

Neste documento poderão observar como se processa a maturação motora oral e porquê a diversificação da alimentação em determinadas etapas do desenvolvimento.


Outros cuidados a ter é com o material a utilizar para a alimentação, tais como:


  • Tetina do biberão: deve ser uma tetina que facilite o bom desenvolvimento das estruturas orofaciais, existem no mercado tetinas ortodônticas adequadas para tal (por ex: tetinas fisiológicas da Chicco*, as tetinas evidence da Bebé Confort, as tetinas da Tomme Pitie).


  • Atenção: ao fluxo das tetinas, não alargar os furos pois eles são feitos de acordo com a força da sucção e com o padrão da pressão intra-oral realizado durante a amamentação. Não utilizar tetinas de papas, nem colocar as papas dentro do biberão, a consistência da papa é própria para a colher não para um padrão de sucção.


  • a colher: não deve ser de silicone mole, deve ser uma colher dura, não muito funda e não ser maior que a boca da criança.


  • o copo: deve ser de plástico duro mas maleável, para não partir com os dentes nem magoar as gengivas, transparentes se possivel. Não colocar muita quantidade de liquido enquanto a criança não apresentar capacidades motoras óptimas para tal (+2 anos).


https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0B50hkBoaERhHYTQwM2Q4MzItZWJiMS00ZWQ5LWI5OTgtYjkyMDNmN2E3M2Q0&hl=en_US

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O meu filho não mastiga!!!

Esta é uma frase diariamente ouvida dos pais de crianças que apresentam dificuldades nas transições alimentares e procuram a minha ajuda para iniciar um treino de alimentação específico e individualizado para essa criança.

Cada vez são mais as crianças que apresentam dificuldades nas transições alimentares, tendo associado às mesmas, hábitos orais tardios, alterações de integração sensorial oral, que prejudica ainda mais essas dificuldades. Nestes hábitos orais chamo a atenção para a utilização do biberão até idade escolar!!!!....isto começa a ser mais comum do que desejaríamos.

Estas dificuldades aparecem muitas vezes pela introdução tardia da variação alimentar quanto à consistência, textura e sabor na dieta das crianças, na altura óptima do seu desenvolvimento psicomotor. Quanto mais tardio for o inicio das transições alimentares mais dificuldades os pais/cuidadores irão encontrar neste processo que é passar da consistência líquida até à sólida.

Como resposta às dificuldades apresentadas pela criança na introdução de texturas menos pastosas e com consistências mistas podemos ter:
- A náusea quando a criança olha para os alimentos;
- Reflexo do vómito muito exacerbado;

- Cuspir o alimento;

- Engasgos;

- Manter o alimento dentro da boca sem saber o que fazer com ele, guardando-o na bochecha;

-. Padrões da mastigação alterados

- Hora da refeição demorada e algumas vezes feitas com menos prazer pelo impacto emocional que causa nos pais e na própria criança por não conseguir realizar essa mesma tarefa que é mastigar.

Outros sinais que estas crianças dão são os comportamentos de evitamento sensorial, mais ao nível táctil, tais como:

- Não gostar de sentir as mãos sujas, quando isso acontece pedem logo para limpar;

- Não gostam de tocar na comida;

- Estão constantemente a limpar a boca depois de cada colherada e depois de cada garfada;

- Muito resistentes à introdução de novos alimentos;

- Muitos não gostam de lavar os dentes.

É de salientar que muitos destes comportamentos, tanto ao nível do desenvolvimento sensorial global como oral, nalgumas crianças são devidos a já apresentarem de alguma forma, uma maior predisposição para estas dificuldades.

Noutras deve-se apenas ao facto de não experienciarem e de terem sido privadas da estimulação sensorial, muitas vezes causadas pelo tipo de sociedade actual em que vivemos (a experiência de brincar na rua, num jardim, de se sujar, de trepar, de saltar e de cair…, actualmente é trocada pelas horas a fio à frente da televisão, do computador, da playstation estimulando mais a capacidade visual do que as outras áreas sensoriais, tais como a táctil, proprioceptiva, a vestibular, que ao nível do desenvolvimento irão influenciar não só as capacidades motoras orais para a alimentação mas também as motoras orais para a fala).

É claro que, muitas vezes, pela dificuldade que é inserir as novas consistências e texturas na dieta da criança, os pais desistem e continuam a apresentar uma dieta pastosa homogénea, pois a criança necessita de estar nutrida, também tendo em conta a sua saúde e o seu bem-estar.
Então aqui surge a questão: Como e quando iniciar as transições alimentares?
(este será o tema do próximo artigo)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Promoção da Literacia Precoce


Ler um livro... a partir dos seis meses de idade.

Sabemos hoje que o desenvolvimento das potencialidades de uma criança que a vão tornar mais capaz em termos de linguagem, de leitura e de escrita, se processa desde o primeiro ano de vida.

Por isso, todas as oportunidades de cantar, contar histórias, fazer puzzles, garatujar, pintar, ou ler livros, são decisivas para o seu futuro.

Na verdade, a partir dos seis meses de idade as crianças começam a interessar-se por figuras e imagens e a associá-las a sons. É por isso que a partir desta idade se devem introduzir os primeiros livros (feitos de materiais seguros, como cartão grosso, esponja, pano ou de plástico), que devem conter figuras simples, coloridas e facilmente identificáveis. O adulto deve introduzir o jogo de apontar e nomear a figura, associando uma imagem e um som.

A introdução precoce dos livros infantis e adequando sucessivamente a técnica de leitura e o tipo de livros às diversas idades fomenta a familiaridade com o objecto livro e do seu manejo tornando-o numa referência quotidiana.

No que se refere ao conteúdo, diversifica e amplia a linguagem utilizada com a criança, amplia a realidade, estimula a imaginação, a associação de ideias, a capacidade de concentração, ajuda a lidar com emoções e medos, transmite regras e sistemas de valores.

O livro é também uma ponte emocional entre as crianças e os adultos, ajudando-os a interagir e a estar juntos, ajuda a criar um ambiente de segurança; contribuindo para a vivência do livro como algo emocionalmente compensador e pode pertencer ao ritual de transição na hora de dormir.

A idade com que se inicia a leitura de livros às crianças é um factor que decididamente favorece o desenvolvimento da linguagem e do interesse e prazer que aquelas terão nessa actividade no futuro.

A estimulação precoce com livros e a interacção com os adultos no ambiente familiar está associada a um maior desenvolvimento da linguagem, a um maior interesse precoce por livros e a um desenvolvimento de aptidões essenciais para o futuro da criança.
Por isso a leitura de livros em voz alta às crianças (e a partir dos seis meses de idade), é a tarefa individual com mais impacto na capacidade de leitura e de adaptação escolar.

O grau de literacia relaciona-se directamente com os anos de sobrevivência, com a capacidade de entender mensagens na área da saúde, com a auto-estima, com a capacidade de melhorar os estilos de vida, de auto-manejo nas doenças crónicas, etc..

Por estas razões, não se esqueça de ler uma história ao seu filho(a) todos os dias. Poucos gestos tão simples têm tão grande repercussão. Por isso ler às crianças é uma recomendação do seu médico. Porque a educação faz bem à saúde.

Os médicos que trabalham com crianças(Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral, Sociedade Portuguesa de Pediatria), em parceria com o Plano Nacional de Leitura e em articulação com a DGS e o Alto Comissariado para a Saúde, estão a elaborar um projecto de promoção da literacia precoce.

Projecto "Ler + dá Saúde"

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Desenvolvimento da Linguagem......




Estudos sobre a aquisição da linguagem têm demonstrado que o ambiente linguistico tem um efeito importante no desenvolvimento linguistico e cognitivo da criança. Estes estudos demonstraram que a linguagem dos pais dirigida à criança está desprovida de erros, ambiguidades, ou outras alterações complexas.


A linguagem dos pais é bem construida gramaticalmente e com caracteristicas próprias, tais como:
- clareza acústica
- redundância

- discurso mais lento

- voz num tom mais alto

- expressões faciais e entoações de voz mais exageradas e variáveis

- tensão vocal nas palavras mais importantes

- sussurros

- contacto físico propicio à interacção cara a cara

- uso repetitivo de um pequeno numero de palavras diferentes

- intervalos estrategicamente colocados

- Diversidade lexica contento essencialmente:

- palavras concretas

- muitas perguntas

- imperativos

- poucos tempos verbais no passado

- poucas frases subordinadas e de complexa construção

A interacção linguistica tem um papel primordial na aquisisção da linguagem e especifica como quando a mãe mostra à criança estruturas gramaticais mais avançadas, através da correcção. Por exemplo: as repetições maternas facilitam a criança compreender a mensagem e as reformulações são importantes porque dão à criança a oportunidade de comparar uma estrutura já existente, no seu reportório linguistico, com outra estrutura sintácticamente nova.


Tudo isto parece indicar que determinadas caracteristicas da linguagem que os adultos dirigem às crianças facilitam a sua aquisição.


O bebé, não só intervem neste processo aprendendo, como também, através das suas respostas mantêm os pais num processo activo de interacção.


Por isso PAIS, desliguem a televisão.... FALEM e BRINQUEM com os vossos filhos, é assim que eles aprendem......

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(Fry, 1968; Moerk, 1972; Tomasello; 1988; De Lemos, 1992; Zorzi, 1993; Owens, 2001; Hoff, 2003)



A razão....

Pretendo com este blogue falar um pouco sobre desenvolvimento do ponto de vista do terapeuta da fala, tendo em conta as suas areas de intervenção. Neste caso, não como um projecto de intervenção mas sim num projecto de prevenção ao nível do desenvolvimento da criança.

Muitas são as dúvidas, as questões postas pelos pais sobre a melhor forma de «estimular» o seu filho para um desenvolvimento adequado ao nível de todas as suas capacidades. Aqui tentarei falar-vos um pouco de desenvolvimento infantil desde o nascimento e de alguns aspectos a ter em conta no ponto de vista de terapeuta da fala.

Todas as questões são bem-vindas e as opiniões também!!!!!...que este blogue seja um veiculo de troca de conhecimentos e experiências de todos os que aqui vierem...

Por isso...SEJAM BEM-VINDOS!!!