terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A CRIANÇA COM DIFICULDADES DE ALIMENTAÇÃO .... MAIS DO QUE A HORA DO COMER!

As crianças durante o seu dia a dia estão envolvidas em situações onde adquirem conhecimentos, por exemplo: quando vão ao supermercado podem aprender as cores, as quantidades, aumentar o vocabulário, aprendem onde estão arrumados os difrentes alimentos e produtos e podem observar o adulto a preparar as refeições e a limpar tudo depois.

Quando estas crescem, tornam-se mais ativas nestas atividades, estas mesmas fornecem à criança experiências muito importantes para o seu desenvolvimento.

Por vezes torna-se muito dificil envolver crianças com dificuldades alimentares (com disfunção de integração sensorial) nestas atividades diárias, uma vez que associam a hora de alimentação a uma coisa «má», a uma atividade quase por obrigação, gestora de grandes niveis de ansiedade para toda a familia.

Por isso, mesmo que a criança não vá comer, é importante trazê-la para as atividades diárias de preparação da hora da refeição. Isto irá permitir à criança «ver a comida» como uma fonte de prazer e não de ansiedade e aborrecimento.

Existe uma grande diferença entre alimentar a criança, com o objetivo de apenas nutri-la e usar as ações de comer e beber como uma ação terapêutica, que tem como principal objetivo melhorar essas capacidades.

Uma abordagem terapêutica da alimentação pode levar ao progresso de muitos aspetos do desenvolvimento da criança, tais como: as capacidades motoras, de comunicação e de socialização.



Ana Marques

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A INFLUÊNCIA DOS HÁBITOS ORAIS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

A presença de hábitos ligados à região oral, tais como: a sucção da chucha, do biberão, do dedo, o roer as unhas ou o colocar objetos na boca, é muito comum nas crianças e na maioria das vezes esses comportamentos são tolerados ou até incentivados pelos adultos, uma vez que os utilizam como forma de acalmar ou entreter a criança, sem muitas vezes se darem de conta do que eles significam no desenvolvimento infantil.


Sabemos que no início da vida, a criança tem uma necessidade de sucção, não só como fins para a alimentação, mas também como forma de se autoregular e de experimentar.


No que respeita a alimentação, a sucção deve ser gradualmente substituída por outras capacidades motoras orais que permitam a maturação e o crescimento adequado das estruturas orofaciais, ou seja, preferir sempre a amamentação, se não for possível ou se a amamentação não for exclusiva utilizar tetinas ortodonticas, com furos apropriados, que estimulam os movimentos musculares da língua, dos lábios e das bochechas e visam aproximar esta movimentação àquela que ocorre quando a criança suga o seio. Contudo, mesmo esse tipo de bico deve ser substituído pelo copo, tão logo a criança seja capaz de utilizá-lo.

O uso prolongado da chucha e do biberão podem alterar todo o equilíbrio muscular da face, na medida em que deixa a boca frequentemente aberta e a língua com uma postura inadequada dentro da cavidade intra oral. Nestes casos, ocorre também alteração no tónus muscular das bochechas e do padrão respiratório, já que a criança passa a respirar pela boca, ao invés de utilizar o nariz. O contrário também pode ocorrer, isto é, crianças com problemas respiratórios, tais como rinites, podem desenvolver um padrão de respiração bucal, devido à frequente obstrução nasal (respirador oral).


Estas alterações de tónus e de posturas dos articuladores podem levar a alterações na implantação dentária e/ou na oclusão dentária e em simultâneo alterações na articulação dos sons da fala. Associado a estas alterações de tonus e de postura da língua e pela persistência de um reflexo de sucção que já não deveria existir, a criança poderá apresentar alterações miofuncionais orais para a alimentação (deglutição atípica, alterações no padrão da mastigação).


Abordando a capacidade da fala, sabemos que, para pronunciar os sons, utilizamos muitos dos órgãos usados na alimentação, tais como lábios, língua, dentes e bochechas. Estas estruturas são preparadas, desde os primeiros dias de vida, para a articulação dos fonemas, pela alimentação e pelo trabalho muscular realizado através dela. Sendo assim, uma criança que tenha tido um padrão de alimentação adequado, sem “maus hábitos orais” e livre de problemas físicos, mentais, emocionais ou ambientais, tende a ter um bom desenvolvimento da fala.
Contudo, uma criança que apresente alterações nesses aspectos pode desenvolver formas de mastigação alteradas, tais como: mastigar pouco, mastigar apenas de um lado, amolecer o alimento com a língua em vez de utilizar os dentes para triturá-lo, os músculos faciais e a musculatura da língua não são exercitados adequadamente e podem não corresponder ao movimento solicitado para a produção de determinados sons da fala.


As crianças com deglutições atípicas engolem os alimentos e a saliva com posicionamento inadequado da língua, exercendo pressão sobre os dentes, hábito que geralmente não é percebido ou é encarado como passageiro, mas que pode alterar a musculatura e ocasionar, dentro de outras alterações, dificuldades na pronúncia da fala, principalmente dos sons que requerem movimentação da ponta da língua, tais como: “t”, “d”, “n”, “r”, “l”, “s” e “z”.


Podem ocorrer também problemas emocionais que façam com que a criança mantenha um padrão infantilizado e necessite utilizar objetos para uma satisfação oral, ou ainda que viva num ambiente que estimule a manutenção dos hábitos orais, incentivando o uso da chucha e do biberão.


Perceber estas alterações, procurar as causas, prevenir ou intervir sobre os seus efeitos é importante para o desenvolvimento da criança, pois estas dificuldades, se não forem trabalhadas, podem acompanhar a pessoa durante toda a vida, sendo comuns alterações de fala em adultos, decorrentes de hábitos orais utilizados na infância e que afetam as suas relações pessoais e profissionais, já que um bom padrão de fala é algo bastante valorizado, sendo inclusive um fator de exclusão no mercado de trabalho em algumas profissões.