
Cada um destes desempenha um papel
fundamental no processo de aquisição da linguagem escrita, como poderemos
verificar de seguida.
1.Gestos e Signos Visuais
O gesto é um signo visual inicial que contem
a futura escrita da criança. Os gestos são a escrita no ar, e os signos
escritos são simples gestos que foram memorizados.
Existem momentos em que os gestos estão
ligados à origem dos signos escritos, um deles é o rabisco das crianças. Elas
usam a dramatização, demonstrando por gestos o que deveriam mostrar por
desenho, os traços constituem somente um suplemento dessa representação
gestual.
Ao desenhar conceitos complexos ou
abstratos, as crianças comportam-se da mesma maneira, elas não desenham, elas
indicam e o lápis apenas auxilia a representação do gesto indicativo.
2.O Brinquedo
A segunda fase do
desenvolvimento que interliga os gestos à escrita é a dos jogos das crianças. Para elas, alguns objetos indicam outros substituindo-os
e tornando-se nos seus signos. O mais importante desta fase é a utilização de
alguns objetos, tais como o brinquedo e a possibilidade de executar com eles um
gesto representativo. Essa é a chave de toda função simbólica do brinquedo nas crianças.
A representação simbólica no
brinquedo ocorre quando a criança pega num objeto e com ele desenvolve uma atividade imaginária que gostaria de
realizar de fato, mas que naquele momento é impossível. Por exemplo: quando a
criança pega na vassoura e faz de conta que está a andar de cavalo (JOGO SIMBÓLICO)
3.O Desenho
O desenho começa quando a fala está com
adequada aquisição, pois esta auxiliará na interpretação dos desenhos que as
crianças fazem. Inicialmente, a criança desenha apenas de memória, não desenham
o que vem, mas sim o que conhecem, e estes desenhos têm por base a linguagem
verbal, que é o primeiro estágio do desenvolvimento da linguagem escrita.
Os desenhos não são feitos de forma
mecânica. Neste estágio, o escrever não ajuda a criança a lembrar o que fez, a
criança ainda não desenvolveu uma função mnemónica.
Neste estágio seus esforços gráficos não
constituem uma escrita ou mesmo um auxílio gráfico, e sim desenhos
independentes da tarefa de auxílio na recordação.
A escrita ainda não é utilizada como um
instrumento a serviço da memória, mas mais tarde a criança conseguirá fazer
associação de uma frase ditada com o rabisco que fez, pois este começa a servir
de signo auxiliar, ou seja, esta criança utilizou uma forma primitiva da
escrita, em que esta consegue expor as suas ideias através dos desenhos ou de figuras
simbólicas que contem um significado pessoal. Este é o elemento inicial, que mais
tarde se tornará na escrita.
[. . .] o
desenvolvimento da escrita na criança prossegue ao longo de um caminho que
podemos descrever como a transformação de um rabisco não diferenciado para um
signo diferenciado. Linhas e rabiscos são substituídos por figuras e imagens, e
estas dão lugar a signos. Nesta seqüência de acontecimentos está todo o caminho
do desenvolvimento da escrita, tanto na história da civilização como no desenvolvimento
da criança.
Luria,
1988
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