sexta-feira, 8 de julho de 2011

PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL

O Processamento Auditivo Central refere-se aos processos envolvidos na detecção, na análise e na interpretação de eventos sonoros. Estes processos acontecem no sistema auditivo periférico e no sistema nervoso auditivo central. É desenvolvido nos primeiros anos de vida, portanto é a partir da experienciação do mundo sonoro que aprendemos a ouvir.

O que representa uma Perturbação do Processamento Auditivo Central?
- A alteração no funcionamento do processamento auditivo está relacionada com uma alteração da função auditiva em que há um impedimento na capacidade de analisar e/ou interpretar padrões sonoros.

QUAL É O PRINCIPAL OBJECTIVO DA AVALIAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL?
- O objectivo da avaliação do processamento auditivo central é medir a capacidade do indivíduo em reconhecer sons verbais e não verbais em condições de audição difícil. Desta forma, pode-se inferir sobre a capacidade do indivíduo em acompanhar a conversação em ambientes desfavoráveis; determinar as incapacidades auditivas, ter um parâmetro de medida quantitativo da qualidade da audição e contribuir no diagnóstico e no tratamento de diversas perturbações da comunicação oral e escrita.

O QUE FAZER NAS ALTERAÇÕES DE PROCESSAMENTO AUDITVO?


- Nas alterações de processamento auditivo a conduta principal é o treino auditivo. O desenvolvimento auditivo verbal envolvendo as capacidades auditivas de atenção selectiva; discriminação dos padrões temporais e de frequência dos sons da fala; localização; memória; fala e linguagem deve fazer parte do plano de intervenção do terapeuta da fala.

O MEU FILHO TEM UMA PERTURBAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO?
- A maioria dos pais quando se defronta com uma criança com uma perturbação do processamento auditivo refere as mesmas situações:


“o meu filho parece que não ouve embora tenha tido um exame audiológico normal”, o meu filho distrai-se e não compreende bem o que dizemos se houver barulho no lugar”, está sempre a perguntar ah?, o quê?, é preciso repetir muitas vezes o que dizemos, não gosta de sons fortes como os foguetes… »


Diversas são as queixas que podem gerar dúvidas sobre a maturidade do sistema auditivo.
Uma perturbação do processamento auditivo difere da surdez, pois a pessoa pode não ter perda de audição, a dificuldade está em entender aquilo que se ouve.
Para sabermos que estamos perante uma dificuldade de processamento auditivo, a primeira providência é consultar um médico otorrinolaringologista. Após verificar que não há perda auditiva, ou esta seja mínima, passa-se para a avaliação do processamento auditivo, se for verificado que o problema está a este nível – perturbação do processamento auditivo – deve ser iniciado treino auditivo por um terapeuta da fala, para que tal perturbação possa e deva ser tratada.

SINAIS:
- Mostra-se excessivamente desatento;
- Apresenta reacções exacerbadas para sons intensos;
- Tem uma reacção lenta ao responder a estímulos auditivos (aumento do tempo de latência das respostas);
- Tem dificuldade na localização sonora;
- Tem dificuldade em acompanhar uma conversa quando as pessoas falam ao mesmo;
- Confunde a ordem dos factos ou não compreende uma história ou anedota com duplo sentido;
- Não atende prontamente quando é chamado ou necessita que o chamemos muitas vezes para que responda;
- Tem dificuldade em pronunciar o /r/ e o /l/;
- Fica confuso ao narrar uma história ou quando tem que fazer um recado;
- Apresenta dificuldades na escola, principalmente nas disciplinas de Matemática e de Português;
- Demora muito para conseguir aprender a ler e a escrever;
- Troca muito as letras na escrita;
- Tem uma má caligrafia;
- Confunde-se sistematicamente ao identificar e a distinguir a direita da esquerda;
- Não consegue interpretar os textos que lê;
- Tem dificuldade em memorizar as coisas;
- É muito agitado ou, pelo contrário, quieto demais;
- Solicita a repetição de informações auditivas;
- Procura pistas visuais no rosto do falante;
- Tem histórico de infecções repetitivas nos ouvidos (otites);
- Gagueja ao falar;
- Desajustes sociais: tendência ao isolamento.


E CAUSAS que podem estar associadas:

- Privação sensorial (falta de experiência acústica no meio ambiente) que gera uma imaturidade das vias auditivas do sistema auditivo;
- Alterações neurológicas (doenças degenerativas, alterações causadas por anóxia);
- Problemas congénitos (infecções congénitas – rubéola, sífilis, toxoplasmose, herpes e citomegalovírus);
- Baixo peso ao nascer;
- Alcoolismo materno ou ingestão de drogas psicotrópicas na gestação;
- Permanência na incubadora;
- Perda auditiva condutiva (a frequência da otite leva a uma falta de consistência de estimulação, à distorção da mensagem e, consequentemente, a alterações do desenvolvimento da audição, da fala e da linguagem);
- Perda auditiva neurossensorial nos primeiros anos de vida.

ESTRATÉGIAS A SEREM UTILIZADAS:

•Em crianças com dificuldades em processar a informação auditiva deve ser utilizado estratégias facilitadoras. Em baixo referem-se algumas estratégias que podem ajudar seu filho(a)/aluno(a), porém actividades mais específicas e direccionadas especificamente para o problema da criança são dadas durante o treino auditivo com o terapeuta da fala e após avaliação prévia.



- Em sala de aula:
* Ter um lugar preferencial que será indicado de acordo com os exames e estratégias terapêuticas realizadas
* Manter as portas fechadas
* Estar em salas com material que tenha boa capacidade de absorção acústica
* As áreas de estudo devem ser silenciosas, livres de distracções auditivas e visuais.
* Os professores podem usar estratégias para melhorar a transmissão da mensagem (ex.: reforço com palavras-chave, escritas à frente da criança)
* Pequenos toques ou chamar o aluno pelo seu nome durante a aula, pode ajudar a verificar sua manutenção de atenção
* Em alguns casos oferecer imagens (pista visual) em simultâneo com a mensagem auditiva pode ajudar na memorização;
* É importante que o aluno tenha uma lista do vocabulário chave: escrever no quadro palavras-chave do novo material e as instruções (a criança com PPAC necessita de anotações organizadas e lembretes);
* Um amplificador de som poderá ser bem útil em alguns casos (sistema FM)

Orientações para o estudo em casa:
* Reduzir o nível de ruído nos locais de estudo
* Usar alcatifa, remover telefones ou outros estímulos auditivos do local de estudo.
* Ter sempre que possível um auxiliar para as actividades mais difíceis
* Ter situações diárias de comunicação entre pais e filho(a)
* Os pais devem ser um bom modelo de fala: descrever para a criança as actividades diárias, expandir a fala da criança acrescentando novas informações, usar frases curtas, ditas pausadamente, com grande entoação melódica e sempre num contexto rico.
* Evitar a TV e o rádio ligado em volume alto, durante situações de comunicação (conversação)

Orientações para uma criança com PPAC:
* Aprende a apontar as palavras-chave!
* Em alguns casos o uso de um gravador pode auxiliar os seus estudos
* Tenta imaginar tudo o que ouves, visualiza a informação! Treina esta actividade com o teu terapeuta.






referências bibliográficas:




Nunes, C. (2010) Apontamentos do Curso de Processamento Auditivo Central




Arte de Comunicar






2 comentários:

  1. oi meu filho precisa fazer este exame Processamento auditivo Central(PAC)só que aqui na cidade onde moro só é feito em clinicas particulares, eu descobri que meu convenio cobre parte deste exame, porem a fono que faz aqui disse que são vários procedimentos para se fazer este exame, vcs poderias me informar detalhadamente cada procedimento para que eu possa ver um a um quais o meu convenio tem obrigação de cobrir, vejo pela lista de cobertura obrigatória da ANS

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